Em audiência na Câmara, o ex-secretário, Neri Geller, diz que governo discute leilão de arroz desde o início de janeiro.
Antonio Cruz/Agência Brasil

Neri Geller: governo fala sobre leilão de arroz desde janeiro

Em audiência na Câmara, o ex-secretário, Neri Geller, diz que governo discute leilão de arroz desde o início de janeiro.

O ex-secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Neri Geller, afirmou que a discussão sobre um possível leilão de arroz no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou “entre o final de janeiro e o início de fevereiro.” A declaração foi dada à imprensa nesta quarta-feira, 18, após sua participação na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

“A discussão no governo era justa porque o preço do arroz estava muito alto”, argumentou Geller. “Mas, com base nas informações que tínhamos da Conab e de outros levantamentos de safra, tínhamos segurança de que estávamos nos aproximando de uma grande safra no Rio Grande do Sul e no Centro-Oeste.”

Geller destacou que ficou “comprovado” que não havia necessidade de um leilão de arroz na época, devido ao início da colheita no Rio Grande do Sul. “Então, a discussão saiu de pauta na Casa Civil e no Palácio do Planalto”, explicou.

“Com as enchentes, 78% da produção de arroz é no Rio Grande do Sul e, com isso, o preço voltou a subir. Fomos chamados para uma reunião interministerial na Casa Civil e, portanto, a decisão partiu no âmbito da Casa Civil”, relatou o ex-secretário sobre a abertura do leilão de arroz.

Neri Geller teria avisado que 78% do arroz já tinha sido colhido

Geller afirmou que, novamente, argumentou que “dos 78% da produção nacional de arroz no Rio Grande do Sul, 83% já havia sido colhida.” No entanto, apontou que o governo federal não sabia se os armazéns haviam sido afetados pelas inundações no estado.

“Era importante, sim, que o governo fizesse algo em relação ao abastecimento naquele momento”, afirmou. “Mas acho que essa questão do leilão foi um equívoco político, sim.”

Em conversa com o ex-secretário de Políticas Agrícolas, o portal Oeste questionou se Neri Geller se sentia “traído pelo PT pela forma como se deu sua demissão.” O ex-deputado federal negou—durante a comissão, ele afirmou que foi informado da exoneração do cargo enquanto trabalhava no Ministério da Agricultura.

“Não, eu fui muito claro aqui na comissão. Fiquei chateado com o ministro Carlos Fávero, com quem tenho uma trajetória política de 30 anos, pela forma como se fez”, declarou Geller. “Saio de cabeça erguida. Mas não poderia ser como pedido de demissão, porque isso não é correto.”

A demissão partiu do ministro Carlos Fávaro, em 11 de junho, após a polêmica sobre o leilão de arroz. A pasta, no entanto, divulgou que Neri Geller pediu desligamento para concorrer às eleições. Na comissão, ele relatou o ocorrido.

“Eu conversei com o ministro pela manhã e, à tarde, pedi um novo encontro, mas não fui recebido pelo Fávaro mais”, explicou. “Fiquei umas quatro a cinco horas esperando. Não sei se naquele dia ele estava muito ocupado. Mas, de fato, ele não me recebeu.”

Geller novamente destacou que recebeu a notícia de sua exoneração por e-mail interno. “Estava despachando na sala quando recebi o e-mail informando da minha exoneração ‘a pedido’. Respondi, dando ciência, mas pedi a retificação de que eu não teria pedido demissão”, disse.

“Eu não pedi demissão. Retifico aqui. Como disse outras vezes, não foi um pedido meu. Escolheram me demitir”, acrescentou o ex-deputado federal.

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