Gabinete da ousadia: a Secom faz reuniões diárias com equipes do PT para definir pautas de influenciadores lulistas nas redes sociais.
Brizza Cavalcante/Agência Câmara

“Gabinete da ousadia”: Planalto e PT definem pautas para influenciadores

A Secom faz reuniões diárias com equipes do PT para definir pautas de influenciadores lulistas nas redes sociais.

A mídia está chamando de gabinete da ousadia, as reuniões diárias que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República têm realizado com as equipes do Partido dos Trabalhadores (PT) para estabelecer temas e abordagens para as redes sociais do partido. Influenciadores pró-governo também participam ocasionalmente desses encontros para receber orientações sobre assuntos de interesse do governo.

De acordo com informações divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira, 10, essas reuniões ocorrem virtualmente por volta das 8h e incluem assessores da Secom, do PT nacional e dos gabinetes das lideranças do partido na Câmara e no Senado. Jilmar Tatto (PT-SP), secretário nacional de comunicação do partido, revelou em dezembro que o objetivo dessas reuniões é “pautar as redes que o PT alcança”.

“Às 8 horas da manhã tem um pedacinho do povo do PT, da delegação nacional, junto com o pessoal da Câmara, da liderança do PT, junto com o Senado, junto com a Secom do governo Lula”, explicou Tatto. “É feita uma reunião de pauta. O que vamos abordar hoje”.

Uma rede de páginas e perfis governistas tem se destacado na defesa de Lula (PT), promovendo ataques coordenados a críticos do governo e desqualificando a imprensa. A relação direta entre governo e partido com esses influenciadores sugere que suas ações digitais são orientadas pelo Planalto, conforme o Estadão. Não há registros de repasse de verba pública para esses influenciadores.

Durante a tragédia no Rio Grande do Sul, PT, governo e influenciadores trabalharam para desmentir o que classificam como fake news, incluindo críticas políticas e reportagens da imprensa. O governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e a família Bolsonaro também foram alvo de perfis ligados ao governo.

O jornal comparou a estratégia atual com aquilo que a própria esquerda chamava de “gabinete do ódio” durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Gabinete da ousadia é um grupo de whatsapp

Desde 2021, integrantes de uma agência de comunicação que presta serviços ao PT participam das reuniões matinais. A Polo Digital Marketing, liderada por Clarisse Chalréo, conduziu o grupo de WhatsApp “gabinete da ousadia” durante a campanha de 2022. Clarisse confirmou sua participação nas reuniões, mas não forneceu detalhes sobre os assuntos discutidos.

A Polo mantém um contrato com o PT no valor de R$ 117,7 mil mensais, pagos com recursos do Fundo Partidário. A equipe da Polo conta com pelo menos 19 profissionais, incluindo coordenadores, redatores, especialistas em redes sociais e produtores de vídeo.

A existência da reunião diária entre a Secom e comunicadores do PT foi exposta por Jilmar Tatto. Ele afirmou que o trabalho de comunicação “para fazer disputa política com nossos adversários” é baseado em “metodologia, ciência, expertise” e que “não é de graça”.

Tatto confirmou que as reuniões diárias mobilizam as principais estruturas de comunicação do partido, mas ressaltou que a participação da Secom, de Paulo Pimenta, ocorre “às vezes, dependendo do horário”.

Ele admitiu que influenciadores são eventualmente convidados: “Às vezes, quando tem necessidade, a gente convida um (influenciador) ou outro. A gente já fez reuniões com eles, se conecta com eles. Tenta manter um canal. Mas a gente não conseguiu ainda ter um padrão de funcionamento com eles.”

O deputado explicou que o objetivo é fortalecer a relação com influenciadores para que eles sigam a pauta de interesse do governo e do partido. Ele exemplificou temas tratados:

“Destaque do dia: tragédia no Rio Grande Sul, balanço das ações; divulgação Copom/Selic, Novo PAC Seleções; tragédia no Sul, com foco na questão das fake news; pesquisa Quaest, aprovação do governo”.

Parte da atuação dos influenciadores consiste em convocar mutirões contra adversários ou a favor de governistas. O humorista Whindersson Nunes, por exemplo, e a imprensa são alvos frequentes das críticas, especialmente quando expõem erros ou omissões do governo.

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