Nesta terça-feira (18), em uma declaração contundente, Lula afirmou ser contra a prática do aborto, mas destacou que bebês nascidos de um ato de estupro são como “monstros”. Lula criticou a discussão no Congresso sobre o projeto de lei antiaborto, que equipara o procedimento realizado após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio.
A Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para a tramitação do projeto de lei 1904/24 na semana passada, e agora a decisão de pautá-lo para votação no plenário está nas mãos do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). O avanço do projeto tem gerado críticas de movimentos sociais e parte da mídia, com negociações no Legislativo para adiar a votação até depois das eleições municipais.
Lula criticou o modo como a discussão está sendo conduzida, afirmando que é necessária uma abordagem mais madura. Segundo ele, as mulheres devem ter o direito de decidir sobre a continuidade de uma gestação resultante de abuso.
Lula chama bebês de monstros: “Que monstro vai sair dessa menina?”
“Por que uma menina é obrigada a ter um filho de um cara que a estuprou? Que monstro vai sair do ventre dessa menina? Então essa é uma discussão mais madura, não é banal como se faz hoje”, afirmou Lula em entrevista à rádio CBN.
Ele também criticou a tramitação do projeto e o autor da proposta, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). “O cidadão diz que fez o projeto para testar o Lula. Eu não preciso de teste, quem precisa de teste é ele. Quero saber se uma filha dele fosse estuprada, como ele se comportaria”, declarou.
Lula, que pessoalmente se posiciona contra o aborto, ressaltou a necessidade de tratar o tema como uma questão de saúde pública. “O aborto tem que ser tratado como uma questão de saúde pública. Não pode continuar permitindo que a madame vá fazer um aborto em Paris e que a coitada morra em casa tentando furar o útero com uma agulha de tricô”, disse.
O presidente classificou a discussão como um “retrocesso” na legislação e defendeu uma abordagem mais madura na sociedade. “Estamos no século 21, e estamos retrocedendo nessa discussão, voltando atrás”, afirmou.
Lula também criticou o surgimento de uma “extrema-direita ativista” no Legislativo brasileiro, que, segundo ele, não tem experiência pragmática na política e se baseia em mentiras. “Estamos vivendo outro mundo, outra realidade”, comentou.
Finalizando sua declaração, Lula disse que não gosta de discutir pautas de costumes e que a questão do aborto “não tem nada a ver com a realidade”. “Sinceramente, acho que essa coisa não deveria nem ter entrado em pauta. O tema do Brasil não é esse”, concluiu.
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